Falar sobre autenticidade é um tópico complexo. Ser uma pessoa autêntica.
Em geral, as pessoas costumam se considerar autênticas. Se perguntarmos a alguém “você é autêntica em sua vida?” a resposta provavelmente será imediata e positiva.
E isso é verdade para essa pessoa. Ela não está a mentir. Experimente perguntar a si mesma: “Eu sou uma pessoa autêntica em minha vida?”
Por muito tempo, eu também me considerava uma pessoa autêntica, reforçada nessa ideia pelas pessoas ao meu redor que afirmavam que eu dizia “a verdade na cara” e que me pediam conselhos porque eu era “sempre sincera”.
E sim, isso faz uma pessoa autêntica, pelo menos no sentido comum da palavra. De fato, ser autêntico às vezes é motivo de piada: quando as pessoas agem como realmente são e não se preocupam com o que os outros pensam e tomam uma atitude diferente do “normal”. Quantas vezes já não ouvimos dizer: “ela é assim, muito autêntica” e o tom é de condescendência, não de elogio.
Esta falta de conhecimento sobre que é realmente a autenticidade leva-nos a não o ser.
Mas a autenticidade é o primeiro passo para ser congruente consigo, pensar em si, e consequentemente ser mais feliz, viver uma vida plena, ser uma pessoa autêntica.
Não perca mais tempo.
Há alguns anos, aprendi um modelo de autenticidade que me levou a uma grande viagem interior e permitiu-me estar no mundo com a melhor versão de mim mesma. Em 2016 encontrei um livro da Dra. Karissa Thacker, “The Art of Authenticity”.
Segui o modelo da Arte da Autenticidade e agora compartilho minha experiência e perspectiva sobre como chegar à autenticidade. Venha comigo nesta jornada.
Atenção. Presença. Consciência : Uma pessoa autêntica:
O EU ESPERADO:
Quando temos que tomar uma decisão importante na nossas vidas:
( exemplos: mudo de emprego ?; vou viver para outro local?, caso-me?; divorcio-me?; tenho filhos? …….) o que está a acontecer connosco?
Existem três vozes na nossa cabeça em cada momento importante de decisão. Essas vozes são aspectos diferentes de nós mesmos que lutam entre si.
A primeira voz que aparece é a do “eu esperado”: é a voz das expectativas dos outros e de nós mesmos, aquela que nos ensina a viver de acordo com as normas e expectativas sociais.
EU REAL
A segunda voz é o EU REAL. O que realmente pensa e sente e também qual a realidade da sua vida.
O EU REAL é muito mais complicado, é aqui que não temos a certeza, pensamos muitas coisas diferentes para decidir.
E quando a decisão que pensamos tomar é muito difícil , “viajamos” entre a vozes do EU ESPERADO e a vozes do Eu REAL.
E não conseguimos sair daqui, ou tomamos a pior decisão, ou não tomamos nenhuma e certamente , vai correr mal. A angústia, a infelicidade vai instalar-se cada vez mais.
EU IDEAL
Mas, felizmente, temos a terceira voz , infelizmente não costumamos usar.
Flutuamos entre o EU ESPERADO e o EU REAL.
Se ouvir o seu eu ideal, a decisão que tem de tomar, será mais congruente consigo, será a que a fará mais feliz.
E como fazemos isso?
O EU IDEAL faz-nos uma pergunta, que vai mudar toda a nossa perspectiva, que nos lidera para sermos melhores:
“Quem posso seu eu no meu melhor?”
Responda a esta questão, quem e como poderia ser no seu melhor.
(exemplos: melhor pessoa? mais bem disposta? mais paciente?……)
E é aqui, no EU IDEAL, que temos mais condições de decidir melhor nos momentos complicados da
nossa vida.
Continuar verdadeiras a nós próprias, aos nossos valores, mas expandirmo-nos e sermos mais flexíveis.
Este EU IDEAL não é pensar só em assim. Bem pelo contrário. Tenha sempre isto em mente.
Eu vou contar um momento complicado da minha vida, em que flutuei entre o EU ESPERADO e o EU REAL, sem conseguir tomar a decisão certa.
Na altura, não tinha estas ferramentas.
Tive a minha filha, aos 32 anos.
As vozes do EU ESPERADO assim que ela nasceu, começaram a falar que devia ter outro filho, ter um filho único era a mesma coisa que nada e por aí afora.
Certo é que as gravidezes não corriam bem e tinha abortos espontâneos muito cedo, mas eu tentei cumprir com o que essas vozes me diziam .
Fizeram-me tentar uma e mais uma vez.
As vozes do meu EU REAL diziam-me que não devia engravidar mais, que só estava a fazer mal a mim própria .
O meu EU REAL estava a ser torturado aqui.
SE, se ,se…. eu tivesse as ferramentas e o conhecimento necessário para por no equação o EU IDEAL, agora sei que as vozes me diriam, eu teria tomado uma decisão acertada muito antes de ter passado tanto sofrimento.
No meu melhor, no nosso EU IDEAL, somos muito mais claras naquilo que vamos e não vamos aceitar.
E isto é a autenticidade.
Esta pergunta do EU IDEAL não é uma daquelas coisas motivacionais. É uma ciência. Está comprovado cientificamente.
Esta pergunta muda a neuroquimica do cérebro na direcção de mais positividade, o que nos permite pensar melhor.
É o EU IDEAL que ajuda a resolver a luta do EU ESPERADO com o EU REAL.
Lembro que nem todos os momentos stressores podem ser resolvidos, isso é um engano, mas mesmo assim, podemos ser o nosso melhor , em situações completamente devastadoras.
Entender e praticar a verdadeira autenticidade é o caminho para sermos mais felizes.
E agora, que conhece este modelo para a autenticidade, 4 passos para chegar a ser uma pessoa autêntica:
1º AUTO AUTORIA
Tome a decisão de ser mais verdadeira consigo. Claro que isso vai requerer que se conheça um pouco mais . Mas conseguirá ser a autora da sua própria história, da sua vida. Não é fácil, mas com as ferramentas e a ajuda certa, conseguirá.
2º CONGRUÊNCIA
É importante estar alinhado com os seus valores e ser íntegro consigo mesmo. Afinal, só temos uma vida para viver, e é fundamental seguir a sua própria integridade e autenticidade.
3º INCONGRUÊNCIA
Para sermos verdadeiramente autênticos, precisamos aceitar a nossa própria incongruência. Às vezes, isso pode significar estar fora de alinhamento com nossas crenças e valores, e está tudo bem. Por exemplo, o seu chefe pode ser terrível e deixá-la desesperada, mas, infelizmente, as circunstâncias atuais não permitem que saia do emprego.
Nesse caso, precisamos encontrar outras maneiras de lidar com a situação, com as ferramentas adequadas.
4º PERMISSÃO PARA SER HUMANO
É uma frase de Tal Ben Sahar. Permissão para sentir o que sentimos. Permissão para não sermos perfeitos e cometer erros.
Em resumo, parece que a autenticidade é algo fácil de alcançar, mas na verdade exige muita coragem e vulnerabilidade. No entanto, vale a pena percorrer esse caminho, pois é a única maneira de alcançar a felicidade verdadeira. O preço a pagar por essa autenticidade pode ser alto, mas o benefício supera em muito os custos.
Isabela Veloso

” Eu canto e a montanha dança”, de Irene Solà Resenha Literária

Carta 6 de“Cartas a Lucílio”, de Séneca

Carta 5, de “Cartas a Lucílio”, de Séneca

Carta 4 de “Cartas a Lucílio”, de Séneca
